O respeito aos seus usos e costumes é tudo o que o mundo árabe espera dos visitantes, e em troca oferece hospitalidade. Não é de bom tom, e pode causar constrangimento, falar, por exemplo, sobre política e religião. Na Tunísia não é diferente.
Encravada entre a Líbia e a Argélia, com território de 163,61 mil km2, a Tunísia é um país compacto (por exemplo, o Estado de São Paulo tem quase o dobro: 248,20 mil m2), porém instigante. Conhecê-la é seguir uma rota de contrastes, pontilhada de vestígios dos fenícios, bizantinos, romanos, cartagineses, árabes e outros povos que ali viveram em épocas remotas, por conta da estratégica posição da Tunísia na rota comercial do mundo de então.
O recato das tunisianas não tem regras tão rígidas quanto em outros países árabes, contudo oferece um enorme contraste com o liberalismo presente nas praias do País, banhadas pelo azul do Mediterrâneo. Mais especificamente, o contraste tem lugar nas praias que fazem os cenários dos resorts sofisticados, onde é comum encontrar européias de topless.
As reservas de petróleo da Tunísia não competem, em quantidade, com os vizinhos, mas o ouro negro desempenha papel importante na economia do país. É fascinante observar como vivem seus habitantes, principalmente porque um terço do território é ocupado pelo Saara. A 600 km da capital, Tunís, começa o grande deserto vermelho, no ponto que já serviu de cenário para trechos de filmes como Laurence das Arábias e O Paciente Inglês.
A túnica como veste e o turbante como complemento é o traje comum entre os tunisianos, assim como é comum encontrá-los caminhando pelas ruas de mãos dadas. Na capital, cinco vezes ao dia, no mínimo, do alto dos minaretes partem as sempre atendidas chamadas para as preces.
Próximo ao palácio presidencial de Tunís estão as Termas de Antonino, sítio histórico bem conservado e, pouco além, outra marca dos romanos a Sbeitla, com vestígios que fazem admirar as construções dos povos da antiguidade, como o Arco de Diocleciano. É aqui que começam os contrastes, porque ao lado das marcas deixadas por Roma estão ruínas de construções árabes e bizantinas. Um bom complemento para este passeio está no Museu do Bardo: uma bela coleção de mosaicos romanos, bizantinos e cartagineses.
Uma vez nas cercanias do Museu do Bardo jê é possível ver algumas das estruturas do aqueduto de Zaghouan, com 60 km de extensão. Porém, para conhecê-las realmente é necessário seguir o roteiro de ruínas romanas até o sítio arqueológico Thuburbo Majus. Seguindo além, em direção a Costa Leste, um momento de surpresa e encantamento: é o impressionante Coliseu de El Djen, concluído em 230 DC. Passear pelo seu anfiteatro é conhecer de perto os bastidores das lutas e competições do antigo império romano.
Praticamente na entrada do Saara, a região entre Matmata e Tataouine expressa como é viver num lugar onde o dia transcorre sob 45 graus, e à noite o frio é quase insuportável. Ali, as casas são entranhadas nas montanhas, para proteger os moradores do imenso calor e do frio cortante. É possível ao turista vivenciar esta forma de habitação, uma vez que há hospedagens entre as moradias. E não se preocupe em pensar que dias chuvosos podem prejudicar sua viagem, porque na Tunísia não chove nunca.
Você tem curiosidade em saber qual a sensação que acompanha a visão de uma miragem? Essa sensação pode ser experimentada na Tunísia. Como assim? Assim: ali, relativamente perto de onde as casas se acomodam nas reentrâncias das montanhas, há uma extensa depressão, praticamente colada ao Saara. É o lago salgado El Jerid, antes um braço do Mar Mediterrâneo, que secou há milhares de anos. Hoje é um espelho de sal, dali extraído para exportação. A observação desse espelho, que reflete a luz do Sol, provoca miragens na grande maioria dos que o observam. É isso.
Próximo ao deserto está também Douz, pródiga em restaurantes com cardápios que, invariavelmente, têm em comum os pratos preparados com carne de carneiro e as variedades de cuscuz.