Viagem para Jordânia

 

Com certeza você tem imagens da Jordânia em sua memória. Lembra do filme Indiana Jones e a Última Cruzada e daquela magnífica construção esculpida na pedra rosa onde supostamente estaria guardado o Santo Graal? Pois ali é Petra, um dos fantásticos cenários deste país, celebrizado pelo filme. Naturalmente não há nenhum Santo Graal por lá, mas aquela imponente fachada em estilo helenístico com 43 metros de altura encravada na rocha chama-se o Tesouro e é a mais famosa das reminiscências arquitetônicas. Para chegar até ela é preciso caminhar entre penhascos, percorrendo um  desfiladeiro de pouco mais de um quilômetro de extensão e cem metros de altura, ao final do qual o Tesouro surge imponente. Impossível não ficar de queixo caído com a beleza insólita deste lugar construído pelos Nabateus há mais de 2 mil anos, cidade de beduínos que comercializavam especiarias,  incorporada mais tarde ao Império Romano, Petra foi quase totalmente destruída por terremotos, ficou esquecida durante séculos para ser redescoberta por um curioso suíço, Johann Ludwig Burckhardt em 1812. Com localização privilegiada - no  cruzamento dos caminhos entre Síria e mar Vermelho,  Golfo Pérsico e Mediterrâneo, confortavelmente escondida pelos paredões de rocha, Petra continuou por muito tempo abrigo de beduínos mas hoje cumpre sua missão turística atraindo milhares de visitantes para ver também as outras edificações - como o Monastério Jabal al Deir e o lugar dos sacrifícios. Outro ponto obrigatório de ser visto é o Grande Templo, além de monumentos, fachadas, tumbas, salas funerárias e templos que exibem tanta beleza que fez de Petra, com toda justiça, patrimônio da Unesco e uma das Novas 7 Maravilhas do Mundo. Mas, para admirar tudo isso é preciso calçados adequados e ânimo para subir muitos degraus. É diícil? Então basta recorrer à carona dos burricos alugados pelos beduínos. E se tanta emoção ainda não bastar, então experimente o tour noturno para ver Petra iluminada por milhares de velas. É mágico, para nunca mais se esquecer!

 

Vamos nos situar

Encrustrada no Oriente Médio,  entre  a Síria, Iraque, Arábia Saudita, Israel, Palestina e com fronteira marítima com o Egito, no Golfo de Aqaba, a Jordânia, diferentemente de seus vizinhos, é uma pacífica, tolerante e moderna Monarquia Constitucional comandada pelo rei Abdulah II. No seu pequeno território (menor do que Pernambuco) a maior parte dele desértica, viveram povos antigos como os amonitas, amorreus, moabitas , edomitas  e, a partir do século 6 AC, os nabateus, controlando a rota das caravanas. Depois, invasores se sucederam como egípcios, israelitas, assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, árabes muçulmanos, cruzados cristãos, turcos otomanos e, finalmente, os britânicos. É na Jordânia que acontece a ação do filme do personagem real, o britânico Lawrence da Arábia, contando parte das turbulências no deserto, hoje coisa do passado.  A presença de cada povo deixou suas influências e marcas especialmente na arquitetura e arte.
A Jordânia também está repleta de conexões bíblicas. É na margem jordaniana do rio Jordão, que,segundo novos estudos, Jesus Cristo teria sido batizado, já que João Batista morava por ali. É lá, também, que fica o monte Nebo de onde Moisés teria  avistado a Terra Prometida, antes de morrer e é, naturalmente um dos hits, no turismo local. Do alto dá para ver Terra Santa, Mar Morto e rio Jordão assim como fez o profeta .

 

Mandaba

Ainda na chamada rota santa da Jordânia, bem perto do monte Nebo,  fica Mandaba  chamada também de a cidade dos mosaicos porque ali, na  igreja grega ortodoxa de São Jorge, estão magníficos mosaicos, um deles do século 6AD com dois milhões de pecinhas coloridas formando um mapa bizantino. Mas não é o único. Na cidade existem outros mosaicos tão antigos quanto esse ou até mais espalhados por outras igrejas e casas. Vale a pena visitar.


Amã

Amã, a capital, será provavelmente o começo da viagem pela Jordânia, uma cidade com mais de 10 mil anos de história com relíquias do Império Romano e Bizantino. Esta que é uma cidade moderna e cosmopolita também mostra belas mesquitas e até relíquias da idade das Idades do Bronze e do Ferro. Para desfrutar da cidade que é muito segura, o melhor será andar à toa pelas ruas do centro da cidade e ir descobrindo, nas ruelas e avenidas lojinhas onde se vende de tudo e, especialmente, lenços coloridos e roupas típicas como jelbabs e deshdashs, para mulheres e homens. Mas como os demais povos do oriente, jordanianos também gostam de adereços e jóias encontrados em maior quantidade no Beco do Ouro. E, não importa o valor da compra, pechinche sempre. Pechinchar é cultural e parte do negócio. E, se for sexta feira, valerá a pena conhecer o Souq, um mercado das pulgas onde é possível encontrar de tudo: de pão, geléias a água de rosas, bijuterias, roupas, presentes. E, muitas vezes, até músicos dão uma canja por lá.

 

Teatro e  a Cidadela

Imperdível em Amã: o Anfiteatro Romano, erguido no reinado de Marco Aurélio, um teatro para abrigar seis mil espectadores, encravado na encosta da colina, ainda muito bem conservado e que, como tantos outros teatros do Império Romano, surpreende pela precisão de detalhes (como, por exemplo, evitar o sol no rosto dos espectadores). Lá funcionam também o Museu Jordaniano de Tradições Populares e Museu do Folclore de Amã.  
Amã é uma cidade edificada entre várias colinas e a colina da Cidadela ou Jabal al-Qal'a fica bem no meio, a mais antiga a ser ocupada, do período neolítico à Idade do Bronze e é lá que estão algumas das mais antigas reminiscências históricas como
as ruínas do Templo de Hércules, a Cisterna. E também o Palácio Umayyad, um grande complexo com palácio do governador, quarteirões residenciais, datado dos anos 700 da nossa era e parcialmente construído sobre antigas ruínas romanas. Também na Cidadela os restos de uma Basílica Bizantina dos século 5 e 6, exemplificando a ocupação do espaço por tantas e diferentes culturas. É também na Cidadela que fica o Museu Arqueológico Nacional, que guarda alguns dos famosos Pergaminhos do Mar Morto
Uma dica: organize sua visita para estar por lá no fim de tarde porque, além de ver de perto esses relíquias históricas você ainda avistará cidade, que é toda branca, graças às pedras das construções, transformar-se em dourada pelo reflexo do sol sobre as casas. Tudo isso ao som das preces que vem de todas as mesquitas. Um espetáculo à parte.
Mas Amã também tem agitos modernos, restaurantes, lugares para dançar e centros culturais contemporâneos como o Royal Cultural Center, com um vastíssimo calendário de eventos e shopping centers do jeito que nós conhecemos (como o City Mall e Mecca Mall, por exemplo).

 

Gastronomia

Bem servida de restaurantes de diversas culinárias, em Amã e em toda a Jordânia não haverá dificuldade para os brasileiros em provar da culinária local. Sabores bem conhecidos por nós são a base da cozinha jordaniana: são kebabs, hommus, (pasta de grão de bico), babaganoush (pasta de berinjela), tabule, falafel, o bolinho frito de grão de bico, saladas, legumes, coalhada seca como aqueles servidos nos restaurantes árabes do Brasil. O prato nacional é o Mansaf, feito de cordeiro, de origem beduína, servido com molho de iogurte e arroz. Os doces são aqueles também nossos conhecidos à base de massas cobertas de mel e com muito pistache. Diferentemente de outros países árabes, na Jordânia bebidas alcoólicas são permitidas (exceto no mês do Ramadam, o período sagrado dos islâmicos) e a bebida nacional é o Arak, destilado feito a partir de tâmaras ou uvas de alto teor alcoólico (45º) e que é consumido puro ou diluído com gelo e água.

 

Por perto

Bem perto de Amã fica Jerash, outra jóia do Império Romano, mais um destino campeão, na Jordânia. A cidade é um dos mais belos exemplos da arquitetura  romana do Oriente, e é absolutamente imperdível, com seu fórum que ainda mantém a colunata ereta, teatros, templos, banhos, fontes e muralha.

Leva menos de uma hora o percurso entre Amã e o Mar Morto, outro passeio bem legal para quem está na capital da Jordânia. Absolutamente azul, ele faz fronteira com Israel e aqui, como lá, o programa é se divertir nas águas onde, de tão salgadas, não se afunda ou então se besuntar com a lama medicinal e fazer a famosa foto para mostrar aos amigos.

 

Aventura e Aqba

Mar, areia e sol, esportes aquáticos, mergulho em águas de azul cristalino. Assim é Aqba, onde estão resorts de luxo e hotéis convenientes para turistas de qualquer idade. Próximo de Aqba fica Wadi Rum, o deserto onde foi filmado Lawrence da Arábia. Com seu colorido único em branco, amarelo, vermelho e marrom, montanhas cortadas por cânions, uma paisagem de tirar o fôlego.
Se quiser uma experiência especial este é o lugar. Existem excursões de vários dias, com direito a cavalgadas em cavalos árabes e guias beduínos, caravanas de camelos ou passeios de um dia inteiro em jipes 4X4. E, para aventureiros ainda há o desafio de escalar o Jabal Ru, a montanha mais alta da Jordânia.

 

Karak

Em Karak está mais um dos bons exemplos das muitas ocupações da Jordânia. Erguido no alto de uma colina, em 1142, o castelo dos cruzados era a base de uma rede de fortificações que defendiam o Reino Cruzado de Jerusalém.

 

Clima, dinheiro e mais

Independente desde 1946, o país é governado por uma  Monarquia Constitucional  e, embora ainda se vejam burcas, elas são bem raras e o véu, para as mulheres, é opcional. As temperaturas variam de 16º a 32º (o período mais quente é de junho a setembro) mas no deserto e em Petra, chega a 40º. O idioma oficial da Jordânia é o árabe mas inglês é falado por toda parte (inclusive em razão dos tempos da ocupação britânica). A moeda corrente é o Dinar, mas euros, libras e dólares americanos são trocados por toda parte. E, mais importante que tudo: os jordanianos são amáveis, simpáticos e recebem muito bem os turistas.