O Chile, um dos dois únicos países da América do Sul (o outro é o Equador) que não faz fronteira com o Brasil nem por isso é difícil de alcançar, tem algumas deliciosas estranhezas. Por exemplo: quem visitar o País durante janeiro a fevereiro encontrará e poderá participar de inúmeras festividades culturais, esportivas e artísticas programadas para festejar a fundação de Valparaiso, a cidade que jamais foi fundada.
Tanto quanto é incerta a data da fundação de Valparaiso (a 120 km a Noroeste da capital do Chile, Santiago), são certas as suas belezas. Esta cidade portuária, cercada por montanhas, habitada por grande número de jovens universitários, também por isso boêmia na sua essência, é pontilhada por construções rústicas, muitas no estilo neoclássico, outras remanescentes da arquitetura art noveau.
Encravada aos pés da Cordilheira dos Andes, Santiago é o grande contraste entre as tradições preservadas e as modernidades do mundo globalizado. Das pequenas livrarias, lojas de artesanato, cafés charmosos aos centros comerciais de luxo, Santiago oferece uma surpresa a cada caminhada.
No Verão, desde Santiago e em cerca de uma hora por automóvel, os destinos imperdíveis são Valparaiso e Viña Del Mar. No Inverno, a pouco mais de 40 km da capital do País os excelentes centros de esqui são diversão certa, mesmo para quem jamais esquiou na neve. Sendo a Primavera a época da viagem, o turista poderá assistir e participar em diferentes comemorações de datas e fatos históricos, enquanto o Outono é o período ideal para presenciar as festas da Vindima, que decorrem entre a colheita e o início da produção dos deliciosos vinhos chilenos.
Chega o mês de junho e começa o tempo de inverno, que é o tempo de esquiar. A 40 km de Santiago estão quatro famosos centros chilenos para esqui e snowboard: Farellones, El Colorado, La Parva e Valle Nevado. Todos contam com instalações hoteleiras, restaurantes, equipamentos para aluguel e pistas para todos os níveis de esquiadores, desde os aprendizes aos veteranos. A famosa estação de esqui Portillo a mais tradicional do Cone Sul é dista 165 km de Santiago, a Noroeste.
Para os apreciadores do bom vinho e da natureza que acolhe os vinhedos é imperdível o roteiro do mais emblemático reduto chileno de turismo das vinhas o Valle de Colchaqua. Um trem antigo levará os visitantes para esta região no vale central do Chile, serpenteando por imensas extensões de vinhedos.
Os vinhedos do Valle de Colchaqua são os responsáveis pela produção do Cabernet Sauvignon, Carmenere, Syrah, Pinot, Cabernet Blanc e Chardonay. Nas paradas, atendidos por anfitriões e sommeliers, os visitantes conhecerão as peculiaridades da produção vinícola saboreando os deliciosos vinhos que nascem das frutas plantadas entre duas Cordilheiras a dos Andes e a da Costa.
No Chile, as rotas de degustação também são realizadas nos vales de Casablanca, San Antonio-Leyda, Maipo, Cachapol e Maule. Além dos vinhedos, nos vales há excelentes hotéis e atrações, entre elas rotas para cavalgadas e passeios em bicicletas, visitas a museus e a pontos históricos.
O Vale do Aconcagua (80 km ao Norte de Santiago) é um capítulo à parte, no Chile. Ocupando o setor oriental de Valparaíso, o Aconcagua é um dos chamados vales transversais, que se estendem desde Atacama até Valparaíso, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico.
As atrações oferecidas pelo Aconcagua incluem desde a exuberante produção agrícola, em especial, frutas, até manifestações populares, como as festa crioulas, que têm em Putaendo um generoso palco; e os rodeios, comuns na região.
Povoados ricos em história estão presentes em San Felipe e Los Andes, localidades das mais características do Vale do Aconcagua, que tem na Serranía del Ciprés o recanto onde é possível entrar no coração da majestosa natureza do vale. A partir do lugar destinado aos piqueniques, é possível alcançar os pontos pitorescos presentes neste que é um dos mais belos recantos do Chile. As melhores épocas para visitar a Serranía Del Ciprés são o Outono e o Inverno.
Termas, geisers, minas de cobre e outros minerais, oásis onde há frutas deliciosas para saborear e não esquecer são encontrados no altiplano do Deserto de Atacama. O altiplano reúne vários povoados indígenas, nos quais são comuns as festas herdadas pela tradição, e reúne guarda vestígios das culturas originais, presentes em sítios arqueológicos e nos museus, como o San Pedro de Atacama.
Na costa litorânea do Deserto de Atacama são encontradas belas praias, em cidades como Arica, Iquique, Antofagasta, Coquimbo e La Serena. Em Copiapó o deserto deixa de ser e torna-se fértil, graças a camanchaca bruma que vem do mar e semeia a vida em reservas naturais, como o Parque Nacional Pan de Azúcar e o Parque Nacional Fray Jorge. Entre Copiapó e La Serena (esta, a 470 km de Santiago) estão os vales chilenos e suas famosas vinhas.
Na Patagonia Aysén (Norte) reinam os bosques, enquanto a Patagonia Magallanes, parte mais austral do Chile, é o caminho para chegar até a Antártida. A Patagonia dos Rios e Lagos é o lugar ideal para os apreciadores da gastronomia requintada, praias, pesca, paisagens campestres e esportes. Lá está também o vulcão Osorno.
A imperdível Patagonia é um dos poucos lugares inalterados, no mundo. Exótica, distante, extensa, de beleza infinita, selvagem, indomável. Com estas palavras, o lugar foi descrito há 500 anos (estamos em 2012) pelos seus descobridores. Palavras que valem hoje e devem valer sempre para traduzir as singularidades existentes nos 240 mil km2 da Patagonia, dos quais 50% são territórios de área livre e protegida. A Patagonia chilena permite a prática da pesca, trekking, ciclismo, montanhismo, rafting, percursos por caiaque e cavalgadas.
O visitante será surpreendido pela imensidão dos Campos de Gelo, montanhas majestosas, como Torres Del Paine, San Valentín e Cerro Castillo; rios caudolosos, que têm no Baker um prestimoso exemplar. Também, viverá momentos de encantamento ao presenciar a variedade do ecossistema que permeia desde os bosques impenetráveis aos enormes labirintos de fiordes, bem como os canais por onde o turista navega para contemplar golfinhos e baleias
Em seu blog, Larry Olmsted, estrela da revista norte-americana Forbes, escreveu que a Ilha de Páscoa ou, originalmente, Rapa Nui é o lugar mais interessante do planeta. Não é só porque Olmsted assinou embaixo. A exótica Ilha de Páscoa instiga a quem a visita, provoca interrogações e, ao mesmo tempo, oferece aos mais observadores respostas sutis sobre os mistérios da nossa Terra.
O maior mistério da ilha onde a cultura Rapa Nui teria sido implantada pelos polinésios - são as esculturas moais, gigantes de pedra que constituem enigmas (foram construídos por quem, porque e como?) que, muito provavelmente, jamais serão desvendados. Distante 4 mil km do litoral chileno e alcançada por vôos que partem regularmente do Chile, a Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico, é um dos lugares do mundo que está mais distante da terra firme.
Na Ilha, onde há grande quantidade de hieróglifos não decifrados, os moais podem ser observados a partir das brancas areias da praia Anakena. Aqui estão também os ahu, gigantescas plataformas de pedras que compõem o conjunto de moais.
A partir de Hanga Roa principal povoado litorâneo da Ilha de Páscoa, uma viagem por táxi, com duração de cerca de 40 minutos, leva até Anakena e seus moais. A partir de Anakena, curta caminhada a pé pela costa Norte da ilha leva até Ovahe, uma praia com areias cor de rosa e um lugar com muitas cavernas.
Em Ilha de Páscoa, Hanga Roa é a praia ideal para apreciadores do surfe, sendo de novembro a abril o período de ondas suaves; e de junho a outubro a época quando as ondas alcançam até nove metros de altura. Para mergulhadores, a praia indicada é Las Ancoras, batizada por frequentadores assíduos como Caribe do Pacífico.
Aos que viagem em família a dica é a praia Pea, ao Norte de Hanga Roa e a não mais que cinco minutos dali, a pé. Na praia Pea, que é minúscula, uma espécie de muro de pedra cria uma piscina natural, ideal para o lazer das crianças. A localização de Pea permite observar a vida marinha, em especial, os pássaros da espécie fragata e as tartarugas gigantes, que têm nesse trecho uma das rotas de migração ao longo do Pacífico.
Corvina ao forno com molho de mariscos, salmon com alcaparras e outras deliciosas iguarias com frutos do mar são preparados com receitas típicas, em toda a costa do Chile. Com base em carnes de javali, avestruz e cordeiro, a gastronomia polinésia é especialidade na Ilha de Páscoa.
Em cidades como Santiago, Rancagua e Santa Cruz, na região central do Chile, prevalecem as empanadas de queijo, carne ou marisco, as carnes de caçarola, torta de milho e receitas à base de carne suína. Cardápios ao melhor estilo alemão (país de onde chegaram os colonizadores, no século XIX) podem ser saboreados em Valdivia, Osorno, Puerto Varas, Frutillar e Puerto Octay. Os vinhos, você já sabe: os melhores lugares para saborear e comprar estão no Valle de Colchaqua.
Bom Chile para você!
