Quem foi rei, sempre será majestade é o tipo de provérbio que se aplica com perfeição a Viena, a capital da Áustria. Sede do poderoso Império Austro-Húngaro, centro da cultura européia, pátria da música erudita durante séculos, a cidade ainda mantém seu ar nobre, a elegância não apenas inerente aos suntuosos edifícios com arquitetura do Império Habsburgo mas também na forma de receber, na cordialidade das pessoas.
No jeitão, Viena lembra Paris - por seu estilo arquitetônico, elegância, e o passado imperial de ambas - com a diferença que Viena é mais tranqüila, sem (ainda) ter sido invadida por turistas de massa. Quem vai a Viena sabe o que quer e o que vai encontrar. Música foi e ainda é a alma da cidade onde reinaram mestres como Mozart, Strauss, Schubert, Haydn, naturais da Áustria, além de outros tantos de Beethoven a Chopin, centenas deles, que ali viveram e se apresentaram. A agenda de concertos da cidade é invejável seja nas apresentações da Orquestra Filarmônica de Viena, nos espetáculo da Staatsoper, uma das mais importantes óperas do mundo, nas salas dedicadas especialmente à obra de Mozart, como a Musikverein, a sala dourada inaugurada em 1870 pelo imperador Francisco José. É ali também que se realiza o Concerto de Fim de Ano da Orquestra Filarmônica de Viena, transmitido para todo o mundo. Quer mais Mozart? Então vale a pena visitar o Mozarthaus Vienna, apartamento onde viveu o músico, totalmente restaurado, com objetos originais e explicações sobre a vida e obra do gênio. Outras salas importantes, com espetáculos durante todo o ano: Konzerthaus, Volksoper, Kammeroper. A música faz parte da alma de Viena, cidade onde também nasceu a valsa, nos fim do século 18, que aproximou os pares, revolucionando a forma de dançar. Outro espetáculo peculiar à cidade é o Coral dos Meninos de Viena, grupo musical que simboliza a própria Áustria, famoso internacionalmente e que existe desde 1498.
A beleza da arquitetura imperial barroca a maior parte dela feita durante o reinado de Francisco José e Maria Teresa - e visível na Ringstrasse, uma grande avenida circular no centro da cidade. Contrasta com edifícios modernos e arrojados como o Hundertwasserhaus, conjunto de apartamentos construídos nos anos 1980, com assinatura do criativo e arrojado Friedensreich Hundertwasser. Segura, limpa e bem organizada, Viena pode ser visitada tranquilamente a pé ou de bicicleta uma vez que tem uma vasta rede de ciclovias.
Entre os lugares essenciais: o imenso Hofburg, antigo palácio imperial que ocupa uma grande área da cidade e onde hoje funciona a Escola de Equitação Espanhola, famosa no treinamento de cavalos que chegam a realizar um verdadeiro balé eqüestre. Tão grande é o Hofburg que ali também fica o gabinete do presidente austríaco, um centro de convenções e vários museus entre os quais o Museu de Sissi e Coleção de Prata Imperial.
Um pouco afastado (mas vale a pena!) o Palácio de Schönbrunn, antiga residência imperial de verão dos Habsburgo, hoje um patrimônio da Unesco composto de um palácio com 1440 aposentos e seus jardins idealizados para rivalizar com os de Versailles. Do conjunto ainda faz parte o jardim zoológico (Tiergarten), a fonte de Netuno, e o monumento Gloriette, na colina, considerado o principal ponto de destaque no jardim que viveu dias de glória quando ali morava Sissi, a imperatriz, figura popular e controvertida, esposa de Francisco José.
Outra visita necessária: o barroco Palácio Belvedere na verdade dois palácios, separados por um belo jardim- onde hoje funciona a Galeria de Arte da Áustria, com a maior coleção de trabalhos de Klimt , Kokoschka e também de pinturas de Schiele.
Aliás, a cidade também transborda em arte no Quarteirão dos Museus, na parte antiga da cidade onde antes funcionavam os estábulos imperiais; ocupando 60 mil metros quadrados, é um dos maiores centros culturais do mundo, com instalações de diferentes gêneros artísticos, cafés, lojas, tudo misturando arquitetura barroca e moderna.
A cidade ainda se orgulha de suas edificações religiosas como a Catedral de Santo Estêvão com tours guiados às torres e a Karlskirche, igreja barroca erguida pelo imperador Karl VI em agradecimento a São Carlos por ter livrado a cidade da peste.
Programa obrigatório em Viena é sentar num dos seus elegantes e tradicionais cafés e provar a suprema delícia da cidade: os bolos que, dizem, foram inventados por lá. Verdade ou lenda, o que importa é que em Viena as vitrines de doces e bolos simplesmente alucinam os turistas. Entre tantos, o mais famoso de todos é a Sachertorte, que é, na verdade, um bolo de chocolate com recheio de damasco considerado por muitos como o melhor bolo de chocolate do mundo. Inventado por Franz Sacher, em Viena em meados de 1800 para o príncipe Metternich, nada menos do que 270 mil unidades deste bolo são consumidas todos os anos, no Hotel Sacher de Viena. Outro ícone dos cafés e bolos é o Demel, o sofisticado endereço para provar o seu famoso café vienense (aquele caprichado no chantilly) e bolo de chocolate.
E já que a gula está em pauta, a cozinha austríaca também exportou para o mundo vários outros doces, os mais famosos deles o Strudel de maçã (apfeslstrüdel) e o crepe, mas não vive só de doces. Tem como pratos típicos o "wiener schnitzel" (escalope vienense, um tipo de bife à milanesa) e o "gulash" feito com pedaços de carne em molho muito bem condimentado, além das muitas espécies de salsichas vendidas em quiosques pela cidade. Em Viena ainda vale visitar o Naschmarkt um dos maiores e mais antigos mercados da cidade onde, além de vender alimentos, ainda tem restaurantes com pratos típicos austríacos e de outras cozinhas.
Quando bater a vontade de comprar vá a MariahliferStrasse, uma animadíssima rua para compras repleta de lojas de roupas e aproveite para dar uma olhada nas ruas laterais que também são boas opções. Já na rua Kohlmarkt, a mais cara da cidade, estão lojas de grifes e na Karntner Strasse, Graben, elegantes joalherias e boutiques caras estão localizados.
Num território menor do que Santa Catarina, a Áustria esbanja belezas naturais em parques, lagos serenos, de águas limpas que refletem montanhas eternamente nevadas, na região dos Alpes. Tudo convidando para esportes como as caminhadas no verão e o esqui, no inverno. Aqui ficam, por sinal, algumas das melhores pistas de esqui da Europa e é também onde se realizam os principais campeonatos internacionais de salto. Vale destacar o Bergisel ski jump, rampa futurista em Innsbruck, uma das sedes do torneio Vierschanzentournee ski jump Foi cruzando a pé os Alpes austríacos que a família Von Trapp, celebrizada no filme A Noviça Rebelde, escapou do nazismo. Salzburgo foi o cenário desta história real amplamente conhecida através do filme, e a casa da família do barão Von Trapp totalmente restaurada, transformou-se recentemente num hotel que está sempre lotado. Mas Salzburgo, declarada patrimônio da Unesco, é também a terra natal de Wolfgand Amadeus Mozart. Tudo na cidade lembra o gênio da música: a casa em que nasceu, a igreja e que foi batizado. E é lá que acontece, todos os anos, o mais importante evento do calendário cultural da cidade: o Salzburger Festspiele, com concertos, ópera e apresentações teatrais.
Outras cidades a visitar: Graz, à beira do rio Mur, cidade que remonta aos tempos romanos, Innsbruck, na região dos Alpes tiroleses tem paisagens belíssimas que podem ser apreciadas em 360º do teleférico ou, para os viajantes atléticos, subindo 455 degraus até o alto da torre onde fica um restaurante e um café com belvedere.
A República da Áustria faz parte da União Européia, tem como idioma oficial o alemão, como moeda o Euro e é um destino que, por sua localização permite combinar a viagem com esticada aos países vizinhos com os quais faz fronteira: Alemanha, República Tcheca, Itália, Suíça, Eslováquia, Eslovênia, Hungria e a pequenina Liechenstein.