Bem diferente de Dubai, que não tem o petróleo como fonte principal de economia, Abu Dhabi - o 8º maior produtor mundial do ouro negro - está assentado no berço esplendido que é uma das maiores reservas petrolíferas do mundo.
Contudo, as reações dos dois vizinhos têm no petróleo o mesmo estímulo. Enquanto a mínima participação do óleo na economia empurra Dubai para atrair turistas com a opulência dos exageros, o previsível esgotamento futuro da matéria prima para combustíveis leva Abu Dhabi a providenciar, desde já, uma fonte de economia igualmente baseada em turismo, porém com apelos diferentes de Dubai. Não que falte exuberância a Abu Dhabi - Pai da Gazela, em árabe.
Corniche é a avenida costeira que margeia Abu Dhabi. Percorrer os seis quilômetros de extensão da Corniche significa passear entre jardins, fontes, áreas verdes e observar as fachadas dos modernos edifícios e palácios construídos de frente para o mar.
Entre os edifícios na privilegiada margem da Corniche (a tradução para o árabe é, exatamente, avenida costeira) está o Emirates Palace Hotel. Dificilmente será encontrado outro lugar no mundo, entre os construídos pelo homem, que derrube mais o queixo do que o Emirates.
O Emirates tem apartamentos amplos, belissimamente e luxuosamente decorados; praia privada; tecnologia de ponta para o funcionamento de uma parafernália de serviços e delicadezas, centro de esportes náuticos e um sem número de mordomias, incluindo o próprio mordomo, para cada um dos hóspedes. Só de restaurantes há 15!
O Emirates está bem próximo a alguns lugares imperdíveis de Abu Dhabi: o Shopping Center Marina (segundo maior da cidade, só superado pelo Abu Dhabi Mall), especialmente voltado a turistas, com atrações diversas; o Heritage Village e, pouco mais além, alguns dos lindos jardins da cidade e o autódromo.
Em Heritage Village, junto aos modernos arranha-céus, a vida transcorre como antes da era do petróleo. É como uma volta ao passado, para conviver com a cultura e as tradições dos beduínos, os senhores do deserto. O Heritage é o lugar para conhecer uma mesquita tradicional, passear de camelo e fazer compras em um mercado igualzinho aos dos tempos idos.
As casas da vila, réplica fiel de um acampamento nômade, são feitas em tijolos e barro, tal qual há milênios. Falando em milênios, a vila patrimônio de Abu Dhabi guarda os Jardins Hili, que nasceram há quatro mil anos e são grande atração turística. Além de presenciar a prática de um esporte pouco comum, que é a falcoaria, uma vez no Heritage Village você vai ver de perto um sistema antigo de irrigação e os artesãos a trabalhar em suas oficinas, produzindo peças para venda.
Uma vez em Abu Dhabi você vivenciará uma experiência, no mínimo, instigadora: vai ver, literalmente, o futuro nascendo para sobreviver, protegido dos exageros cometidos nos anos recentes contra a natureza.
Em construção nos arredores do centro urbano de Abu Dhabi, que é a capital dos Emirados Árabes, o lugar que cria o futuro recebeu o nome de Masdar, que em árabe significa fonte. A construção do conjunto concebido para ocupar a área, que tem somente seis quilômetros quadrados, obedece aos preceitos de responsabilidade com o nosso planeta, portanto, foca na sustentabilidade.
A construção de Masdar, um centro turístico diferente de tudo que foi feito até hoje, tem previsão para concluir em 2016, mas já é possível presenciar obras em execução e uma maquete parcial. Reaproveitamento de água, emissão zero de carbono, energia solar e eólica são algumas das soluções que estão sendo aplicadas ali.
A cidade nasce, crescerá e se perpetuará a partir de soluções sustentáveis, uma vez que será a sede de um centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias voltadas a manter o ambiente imediato e a refletir para o mundo as práticas necessárias à manutenção do planeta.
Visitar Masdar é caminhar a pé (é proibido a entrada de automóveis comuns, ainda que seja uma Lamborghini). Alguns pontos são servidos por trenzinhos e outros meios de transporte, movidos a energia renovável. Entre as soluções encontradas pela arquitetura e a engenharia ambientais, há ruas estreitas, para que os edifícios possam sombreá-las. Os edifícios foram locados de forma a favorecer entre eles a passagem da brisa do mar, para refrescar todo o ambiente urbano.
Quando concluído, Masdar terá espaços para moradia, lazer, hotéis, restaurantes e demais facilidades urbanas. Entre as suas sustentabilidades, a cidadezinha será servida pela produção de uma fazenda (já pronta) de painéis de captação de energia solar.
Desde 2009, Abu Dhabi abriga uma prova do calendário da Fórmula 1, realizada no Yas Marina Circuit, na ilha artificial de mesmo nome, bem ali, na curva do Golfo Pérsico junto ao litoral de Abu Dhabi. Considerado o mais luxuoso autódromo do mundo, custou US$ 30 bilhões. Tem 5,5 km de pistas e divide a ilha com outras atrações turísticas, como o Parque Temático Ferrari, Parque Temático da Warner Brothers, Parque Aquático, resorts, vilas e outros modelos de lugares para moradia (de muito ricos), clubes de pólo, marinas, resorts, iate clubes, shopping e restaurantes.
Mordomias, Yas tem aos quilos. O Yas Marina Hotel (cinco estrelas) é um exemplo dele parte uma ponte suspensa que dá acesso ao autódromo, com capacidade para 50 mil expectadores, em dependências cobertas.
Saadiyat (Felicidade, em árabe) é uma ilha natural, cenário do maior empreendimento de utilização mista no Golfo Pérsico. Numa distância não superior a 500 metros do litoral de Abu Dhabi, Saadiyat tem 30 quilômetros de lindas praias e é totalmente voltada ao turismo internacional.
O projeto para seus 27 quilômetros quadrados está em desenvolvimento, que ocorre em três fases, a última prevista para concluir em 2018. A ocupação urbana da Ilha de Saadiyat é organizada por um plano diretor que prevê sete distritos, cada qual com uso determinado conforme a maior ou menor proximidade das riquezas naturais, entre elas florestas e mangues. Quando totalmente implantada terá 29 hotéis, incluindo um sete estrelas; três marinas com ancoradouro, museus e campos de golfe.
Há, pelo menos, duas Lulu Sland. Uma está em Bahrein, entre a Arábia Saudita e o Qatar. Mas a nossa é a Lulu Island de Abu Dhabi, um parque turístico para recreio e lazer, bem próximo à Corniche. Atividades náuticas, cafés, bares, entretenimento para todas as faixas etárias estão à disposição na ilha, onde há chance de andar em camelo ou a cavalo, e passear de barco a remo em um dos lagos artificiais de água doce.
A ilha tem vários recantos temáticos, que exibem a vida selvagem em seu habitat, e até mesmo alojamentos, para quem pretende estender o passeio. A partir de Lulu é possível visitar outras tantas belas ilhas ao redor, algumas desabitadas, todas lindas.
Não há um prato típico que possa caracterizar a culinária própria de Abu Dhabi ou de um dos demais emirados. As iguarias árabes são servidas na sua grande variedade, nos incontáveis restaurantes com cardápios internacionais.
Provar pratos típicos indianos, filipinos, palestinos, etíopes, italianos, brasileiros e de muitas outras nações não requer muita procura, porque a oferta é grande. Nos shoppings e também nas ruas há fast foods, enquanto a culinária requintada é saboreada nos restaurantes de hotéis cinco estrelas, estes com a vantagem de ter autorização para servir bebidas alcoólicas, o que é proibido nos demais locais.
Um programa diferente, de certa forma ligado à gastronomia, é sentar num café, experimentar petiscos e o narguilé ou arguile, um cachimbo feito de tal forma que a fumaça passa por água, antes de chegar até o fumante. O fumo para o narguilé é especial, feito com tabaco, melaço, frutas, flores e mel. Diferente do que muitos apregoam, especialistas dizem que fumar no narguilé é tão prejudicial à saúde quanto o cigarro tradicional.
A distância entre Abu Dhabi e Dubai é de somente 18 quilômetros. Ter um destes emirados árabes como destino é quase como comprar um e receber dois. E porque não? Já que foi até lá... aproveite!
